A inovação e a transformação digital dos negócios são condições essenciais às PME
Os empresários de Viseu discutiram dia 3 de outubro no
LINK LAB do projeto AEP LINK os fatores chave para a competitividade das PME.
Nos primeiros painéis da manhã, dedicados à inovação e economia digital no
tecido empresarial, os empresários destacaram alguns dos fatores essenciais a
qualquer PME, nomeadamente o acompanhamento constante das tendências e demandas
do mercado, que nos "diz” para onde ir, e a necessidade "obrigatória” de
transformar digitalmente todas as áreas do negócio.
O AEP LINK é uma ferramenta ao serviço dos negócios
Cláudia Guterres,
gestora do projeto AEP LINK, abriu o encontro apresentando a iniciativa, que
pretende contribuir de forma ativa para criar uma rede de colaboração no tecido
empresarial, reunindo as instituições que compõem o ecossistema que suporta a
economia: empresas, associações, universidades, entre outras.
Gonçalo Azevedo Silva, consultor da
Deloitte, apresentou uma das ferramentas do AEP LINK, o questionário
nacional que pretende fazer o diagnóstico às PME portuguesas, para aferir as
suas necessidades e encontrar melhores respostas para cada um dos desafios que
as impedem de crescer. «Precisamos de empresas mais robustas, que contribuam
para que a economia portuguesa acompanhe as tendências europeias, em vez de
divergir». O consultor apresentou também o dashboard interativo da
performance empresarial do projeto, uma
plataforma dinâmica e em atualização contínua, onde os empresários podem
comparar a performance empresarial, e os indicadores mais relevantes para a
gestão estratégica do negócio, com a informação real da economia, por regiões e
por setores de atividade.
Júlio Boga, manager na
Deloitte, falou do portal aeplink.pt, «uma ferramenta ao serviço dos negócios»,
onde os empresários têm acesso a todas estas ferramentas, e ainda à bolsa
de oportunidades, que pretende criar e promover oportunidades de
negócio, e permite aos empresários publicar e conhecer oportunidades de
cooperação e parceria, identificando o parceiro certo para cada projeto.
Paula Silvestre,
diretora da AEP Competitividade, moderou o primeiro painel, promovido pela
Crédito y Caución, que discutiu a inovação nas PME. A moderadora começou por
lançar a discussão indicando resultados de um inquérito comunitário, que indica
que 68% das empresas têm vindo a investir na inovação, porém esta tem um peso
pouco significativo, sendo a maior parte da inovação no produto e nos
processos.

Carlos Simões Almeida, assessor jurídico da Beiraportal, complementou, indicando alguns dos fatores que impedem as PME de inovar, como por exemplo, a elevada carga fiscal, a inadequação/insuficiência dos equipamentos, a incipiente investigação, e a "confusão” entre empresa e empresário. Para ele as empresas têm de recusar a estagnação e continuar a fazer o caminho em direção à inovação, defendendo que o seu maior entrave é a limitação de crédito - um problema agudizado pelas alterações legislativas dos últimos anos.
Para Manuela Soares,
gerente da Chocolateria Delícia, «não existe não inovar nas empresas, parar é
andar para trás, e o empresário tem de arranjar sempre maneira de andar para
frente, inovando no produto, no processo, ou noutra coisa. Temos de acompanhar o
mercado, é o mercado que nos diz o que quer, por onde ir. Se o produto não
vende é porque tem de ser mudado, inovado. A inovação decorre desta análise
constante». Por outro lado, considera, o empresário tem de estar atento e
desperto para as oportunidades, que podem vir de qualquer lado, e tem de
apostar em relações de grande proximidade com os seus fornecedores.
Pela experiência de
Manuela Soares, é também importante reconhecer o bom que se faz nas PME
portuguesas: nas empresas pequenas onde o empresário faz tudo, é importante darmos
valor a nós próprios, para que os outros nos valorizem também. Sobre os
condicionantes à inovação, há que manter o espírito positivo, apender com os
erros, aglutinar a equipa de trabalho para a comprometer com o projeto e
aumentar a produtividade, e ter a humildade de pedir apoio porque não sabemos
tudo. «Produto sabemos fazer, máquinas podemos comprar, mas precisamos de auto
consciencialização para perceber que podemos mudar e ser competitivos.»
Joana Afonso, project manager no Conselho Empresarial do Centro/CCI, destaca a importância das associações para apoiar as empresas na inovação, internacionalização e na procura de financiamento, e para encontrar os parceiros certos para estes processos. Para as micro e médias empresas é necessário analisar todos os processos de gestão e sustentabilidade, para encontrar oportunidades de melhoria, traçar metas e melhorar a sua competitividade. É preciso apostar na inovação organizacional, atesta, garantindo que não tem os custos que se pensa ter. É importante os empresários não se fecharem sobre si próprios, procurar parcerias, e aceitar os apoios que existem e estão à disposição das empresas.
A manhã prosseguiu
com uma conversa dedicada à economia digital, moderada por Júlio Boga, e
promovida pela Konica Minolta. Paulo Tomé, diretor do mestrado em Sistemas e
Tecnologias de Informação para as Organizações do Instituto Politécnico de
Viseu, destaca a boa formação que Portugal providencia no domínio da
informática, garantindo que «temos muitos profissionais qualificados que saem
para o estrangeiro. O que há é défice de profissionais para a procura que
existe». Neste domínio destaca a importância da aposta nas relações de
proximidade escola-empresa, dando o caso do IPV, que colabora desde 1999 com
empresas e entidades da região, para que a formação dos profissionais do
digital se adeque às necessidades reais da economia. Para o professor, no
digital há uma constante mudança, que "obriga” a estar em permanente inovação e
atualização, daí a necessidade crescente de ter pessoas aptas a esta realidade.

Destacando a importância do digital para a Visabeira, Pedro Costa, information technology manager da empresa, conta que a decisão é tomada com informação em tempo real, graças à tecnologia, que deve ser aplicada com foco no negócio, para otimizar processos e tomar melhores decisões, com repercussões positivas no negócio como um todo.
Sobre a
importância da digitalização e da rapidez de disponibilização de informação,
considera que «temos de antecipar os próximos cincos anos todos os dias». Hoje tentamos
melhorar a base do negócio, aumentar a performance, mas não podemos fazer isso,
temos de transformar o negócio base através da inteligência artificial,
considera.
Helena Costa,
responsável financeira da Luso Finsa, concorda, e diz que o digital está em
tudo, em todas as áreas da empresa, e é inevitável. É preciso perceber que a
melhor forma de fazer muitas coisas é digitalizar os processos, a informação e
análise, devemos servir-nos destas facilidades para usarmos as nossas
capacidades humanas para fazer melhor. O digital é essencial para otimizar, ser
mais eficiente, e libertar as pessoas para potenciarem as suas capacidades.
A economia digital
oferece um conjunto de oportunidades que nos permitem estar em vários pontos do
globo, comunicar com qualquer pessoa, isto são oportunidades de evolução, diz,
afirmando que «aderir à economia digital não é uma opção, nós estamos lá, temos
todos de nos adaptar».
Para a Aquinos, Carlos
Pereira, chief intelligence officer, diz que a digitalização e a tecnologia são
essenciais. «Sem a digitalização de processos não conseguiríamos trabalhar.
Todos os processos de fabrico estão digitalizados, e a administração tem toda a
informação sobre o negócio, a todo o momento, em tempo real». Para o
responsável da Aquinos o desafio – tanto para empresas como para universidades,
é acompanhar a rapidez desta área: a cada 18 meses a tecnologia renova-se. Há
que trabalhar em simbiose para formar os profissionais nesta área, para
podermos reduzir os preços associados ao nosso modelo e chegar mais rapidamente
ao cliente, e sem tecnologia isto não é possível.
O LINK LAB VISEU foi promovido pela AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que conta com o envolvimento da Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, da Crédito y Caución e da Iberinform, e com a colaboração da Associação Empresarial da Região de Viseu. O projeto AEP LINK é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).