A inovação está dentro das empresas, nas pessoas
02-07-2019
O Link Lab, uma iniciativa no âmbito do projeto AEP Link, que promove a cooperação e coopetição nas PME, decorreu na manhã de dia 2 de julho, na NERLEI, com meia centena de empresários a debater os desafios de algumas da áreas decisivas à competitividade, nomeadamente à inovação e cooperação no tecido empresarial.
Isabel Marto, diretora executiva da IDDNET, moderou o painel sobre Inovação, promovido pela Crédito y Caución, que contou com Francisco Barreiro da Silva, administrador do Grupo JSilva e da Rico Gado Nutrição, Luís Ventura, administrador da Alferpac, e Jorge Silva, diretor financeiro da Artebel. Isabel Marto questionou os convidados sobre o tipo de inovação que têm desenvolvido em setores tão tradicionais, e face à acérrima concorrência.

Francisco Barreiro da Silva, Isabel Marto, Jorge Silva e Luís Ventura

Francisco Barreiro da Silva, Isabel Marto, Jorge Silva e Luís Ventura
Francisco Silva partilhou que encara a inovação como inevitabilidade para crescer. Na sua opinião, o tecido empresarial considera que fazer diferente é premissa para sobreviver; além disso, diz, inovação deve ser algo holístico, global, não se limitar à compra de máquinas, ou ao investimento em equipamentos, há que inovar na cultura da empresa, nos processos, no modelo de negócio. Dando o exemplo da Rico Gado Nutrição, que opera num setor tradicional, Francisco Silva conta que a empresa tem inovado essencialmente através da internacionalização para mercados menos prováveis, no caso a Nigéria, e apostando na inovação ao nível dos processos internos e do modelo de negócio, criando uma unidade nova de negócio num ramo diferente.
Jorge Silva, que atua no fabrico de betão, exemplifica a inovação na sua área com a criação e fornecimento de soluções acústicas e térmicas eficientes. A empresa ausculta os clientes para encontrar soluções inovadoras e adaptadas, além de continuamente promover a inovação digital dentro da estrutura. Luís Ventura destacou a inovação ao nível da "mentalidade” de negócio, numa área de negócio que é ”velha”. No caso da Alferpac, começaram a pensar em apostar na eficiência, e depois de encontrarem um parceiro, começaram a pôr em prática a visão para a inovar dentro do seu setor. Encontrar o parceiro certo foi decisivo, diz, e possibilitou o crescimento da empresa, apostando em nichos de mercado.
"E que esforço impõe a inovação nas empresas?”, quis saber Isabel Marto. Luís Ventura conta que criaram um departamento interno, fortemente assente numa rede de comunicação robusta, que foi desenvolvendo alguns projetos. O investimento nos novos produtos desenvolvidos é um desafio, assim como o tempo que leva criar estes novos produtos, acima de tudo pela investigação, mas que podem ser novos grandes motores para o grupo. Jorge Silva conta que tentam tirar o máximo partido dos novos produtos dentro do setor, seja para colmatar tanto os custos fixos como variáveis. Para o diretor financeiro da Artebel, a inovação está dentro das empresas, pelo que a sua equipa reúne regularmente para recolher sugestões internas, para encontrar soluções de melhoria dos produtos, da produção, e mesmo no relacionamento com o cliente.
Francisco Barreiro adianta que conta com equipas responsáveis por desenvolvimento de produto, assim como consultoria interna, para contribuir para a inovação no negócio. Ter equipas só dedicadas à inovação é muito difícil para as PME, em termos de custos, mas isso não impede a inovação, considera. Para o administrador da Rico Gado Nutrição, temos de olhar para a inovação como um todo, e ter uma cultura de inovação como prioridade, questionar todos os processos, e incentivar este mindset junto de todos os colaboradores. No que toca a impedimentos e restrições à inovação, Francisco Silva considera que os baixos rendimentos são um impedimento.
Para Jorge Silva, a inovação está dentro das empresas, e cada funcionário tem como contribuir para a inovação. Mas é preciso manter as pessoas motivadas, fazê-las sentir-se parte da estrutura, posicionar a empresa e as pessoas como referência. Já Luís Ventura considera que a inovação passa por uma multiplicidade de fatores interligados, como pela educação/formação juntos dos jovens, formando-os para a inovação e para os novos mercados, passa por aumentar os rendimentos das pessoas, e reduzir os impostos, nomeadamente o IVA.
A cooperação é sempre uma solução para resolver problemas
O LINK LAB prosseguiu com uma mesa dedicada à cooperação, promovida pela NERLEI, e moderada por Nuno Henriques, chefe de redação do Diário de Leiria, e com a participação de Ana Sargento, vice-presidente do Politécnico de Leiria, António Poças, presidente da NERLEI, e Célia Marques, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.
Nuno Henriques lançou a discussão, convidando o Politécnico de Leiria a mostrar como coopera com o tecido empresarial. Ana Sargento ilustrou essa cooperação referindo os 38 projetos em copromoção com empresas, três infraestruturas de I&D, 32 patentes nacionais e internacionais, mais de 200 registos de propriedade industrial, e 15 unidades de investigação, orientadas para a sociedade, três avaliadas em excelente pela FCT.

Ana Sargento, Célia Marques, Nuno Henriques e António Poças

Ana Sargento, Célia Marques, Nuno Henriques e António Poças
Célia Marques destacou que a CIMRL tem na sua génese o princípio da cooperação, para criar maior coesão territorial. Além do apoio mutuo entre municípios, a Comunidade também colabora com as empresas de cada município, nomeadamente prestando apoio para acesso a financiamentos comunitários, na divulgação e promoção da componente turística do território, e na formação das pessoas e apoio ao empreendedorismo.
António Poças considera que a cooperação é uma realidade na região, é uma evidência. Qualquer associação empresarial tem por base a cooperação, atestou, e a NERLEI, sendo multissetorial, promove as sinergias não só dentro de cada setor, mas também transversalmente, entre associações de diferente setores, na região e com associações nacionais, como a AEP. Esta mobilização é uma característica de Leiria, reconhecida lá fora, diz.
Então o que falta fazer, questionou Nuno Henriques, e Ana Sargento considera que haverá sempre áreas onde é preciso cooperar mais, mesmo dentro de cada organização. Estamos ainda muito focados a resolver problemas urgentes do dia-a-dia, e não investimos muito tempo a pensar noutras formas de inovar. Por outro lado monitorizar é um desafio, compilar a informação toda que existe, é um desafio, para podermos melhorar.
Esta é uma opinião partilhada por Célia Marques, que considera que há ainda setores que não estão abertos a cooperação, e por isso é que comunicar aquilo que conseguimos atingir nestes projetos de cooperação é tão importante, para haver maior recetividade nestes setores de atividade, porque se pode crescer muito a cooperar. António Poças considera também que é fundamental haver resultados, sob pena de as pessoas deixarem de cooperar. Para o presidente da NERLEI, a cooperação é sempre uma solução para resolver problemas.
Leiria recebeu a sexta edição do Link Lab na terça-feira, 2 de julho, uma iniciativa AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que conta com o envolvimento da Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, Crédito y Caución e Iberinform, e com a colaboração da NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria. O projeto AEP Link (POCI-02-0853-FEDER-036026) é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
O evento terminou com um almoço de networking, até às 15h00.