As empresas ainda têm muita dificuldade na colaboração com outros stakeholders
02-07-2019
Nas boas-vindas ao Link Lab Leiria, Paula Silvestre, diretora para a Área da Competitividade da AEP – Associação Empresarial de Portugal, explicou que «as empresas ainda têm muita dificuldade na colaboração com outros stakeholders, e o AEP Link visa promover este trabalho, apoiando as empresas nestas dinâmicas e na criação de ferramentas colaborativas. Além da inovação, o projeto visa trabalhar também a área da digitalização nas empresas, uma área em que existe ainda muito trabalho a fazer, e a captação de investimento, nomeadamente através da capitalização».

Paula Silvestre apresentou o projeto AEP LINK aos empresários de Leiria

Paula Silvestre apresentou o projeto AEP LINK aos empresários de Leiria
Pedro Janeiro, da Deloitte, enquadrou o passado recente de Portugal e os impactos negativos na economia, não obstante o papel fundamental dos empresários, que têm dinamizado a economia e promovido o seu crescimento. Mas, sublinha, «falta aos empresários portugueses a capacidade de articulação com outros empresários e agentes da economia, e o AEP quer apoiar este trabalho, desde logo apurando, de forma concreta, as necessidades do tecido empresarial através de um questionário acessível a todas as empresas. Esta informação será centralizada, analisada e servirá como base à criação de ferramentas de promoção da cooperação em áreas concretas e que têm real impacto», explicou.
O Dashboard interativo do AEP Link permite às empresas encontrar o seu posicionamento por setor e por região, analisar a concorrência e perceber de que forma poderão agir e encontrar oportunidades. A explicação foi apresentada por Gonçalo Azevedo Silva, da Deloitte, que mostrou o enquadramento de Leiria e como os empresários leirienses podem usar esta ferramenta, que é atualizada permanentemente. Júlio Boga, da Deloitte apresentou a bolsa de oportunidades, uma ferramenta concreta onde as empresas podem expor as suas oportunidades de negócio e investimento, e encontrar outras oportunidades para encontrar parceiros.
Coube a Rui Casal, vice-presidente da ACILIS – Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo da Região de Leiria, a moderação do painel sobre Economia Digital, dinamizado pela Konica Minolta, que lançou o debate reconhecendo que, no que respeita ao tecido empresarial associado da ACILIS, o processo de economia digital está ainda aquém do que seria desejado, ao contrário do que se passa com a indústria regional, muito dinâmica e avançada nesta área.

Manuel Matos, André Matos, Rui Casal e Bruno Rego

Manuel Matos, André Matos, Rui Casal e Bruno Rego
Bruno Rego, diretor comercial e de marketing da Dalmo, salientou a necessidade de otimizar os serviços, a criação de redes e a melhoria da experiência do trabalho diário, nomeadamente melhorando o bem-estar. «Toda a estrutura da empresa tem de se adaptar, têm de ser repensados os processos, requalificar as pessoas, e este é um processo gigante que, no caso da Dalmo, já leva três anos de desenvolvimento para poder ser implementado», explicou.
André Matos, MCS Business Developer da Konica Minolta, revelou que a empresa tem trabalhado essencialmente no apoio aos seus clientes na transformação digital das suas empresas, nomeadamente na desmaterialização, a otimização e digitalização de processos e, muito importante, a mudança de mentalidades – as pessoas têm de se diferenciar para ganhar o seu espaço no mercado de trabalho. Manuel Matos, diretor executivo da ETRON, deu o exemplo desta empresa, que sofreu uma revolução para se adaptar à era digital, mas alertou para a necessidade de manter as empresas em constante atualização, porque «as empresas podem parar, as pessoas podem parar, mas a economia digital não para».
«A Economia Digital trouxe muitas oportunidades, e temos de encarar que a realidade das empresas hoje já não é a mesma, temos pessoas diferentes, consumidores diferentes, e temos de adaptar o nosso negócio a essas pessoas», defendeu Bruno Rego, salientando que este não é um processo impossível, é complexo mas não é impossível, e por isso é preciso não desistir.
Numa última pergunta sobre o impacto da Economia Digital na realidade das empresas, Manuel Matos defendeu a inevitabilidade de fazermos o caminho da digitalização e da transformação, em termos pessoais e profissionais. Bruno Rego concorda que este processo não é uma ameaça, mas um processo que depende de todos e temos de nos adaptar a esta realidade. André Matos referiu que a ameaça existe apenas para as pessoas e as empresas que encaram a transformação digital como uma ameaça, porque este é um caminho que todos temos de fazer.
As empresas estão a fazer o seu papel
O Investimento foi o segundo tema em debate no Link Lab Leiria, moderado por Nuno Henriques, chefe de redação do Diário de Leiria, com a participação de Mário Santiago, diretor financeiro da Auto Júlio, Amaro Reis, diretor geral da Sacos 88, Paulo Valinha, administrador da Tecfil, e Sérgio Fonseca, diretor da Panicongelados. Amaro Reis considera que a banca está expectante na iniciativa das empresas no que respeita ao financiamento, e Paulo Valinha defendeu que, neste aspeto, as empresas estão a fazer o seu papel, estão a investir e a fazer mais economia e a criar mais emprego e mais oportunidades. Havendo investimento público, haveria mais oportunidades, mas há ainda algumas dificuldades a ultrapassar.

Paulo Valinha, Amaro Reis, Nuno Henriques, Mário Santiago e Sérgio Fonseca

Paulo Valinha, Amaro Reis, Nuno Henriques, Mário Santiago e Sérgio Fonseca
Mário Santiago chamou a atenção para o facto de que em Portugal o investimento não é assim tão baixo quanto se pensa, mas, obviamente, estamos numa fase de recuperação depois de uma crise, e existem ainda dificuldades numa economia que ainda está muito estrangulada. Sérgio Fonseca salientou a necessidade de exigir ao Estado que seja mais eficiente, tal como se exige às empresas, e gira melhor os recursos para que sejam libertadas verbas que possam ser alocadas, por exemplo, ao investimento – o investimento público não deve criar mais despesa.
Como podem as empresas melhorar as suas condições de investimento, questionou Nuno Henriques aos convidados. Mário Santiago exemplificou com o facto de precisarmos de resolver a fraca rotatividade de tesouraria, para reduzir os prazos de recebimento e reduzir a necessidade de recorrer a verbas da banca, e ainda a enorme necessidade de trazer as universidades para dentro das empresas, e levar as empresas para dentro das universidades. Sérgio Fonseca concordou com este aspeto e defendeu também o aumento da eficiência para melhor gerir as verbas. A inovação é, segundo Paulo Valinha, um fator determinante, que, aliado à eficiência, permite aumentar a rentabilidade e ter melhores demonstrações de resultados, e Amaro Reis realçou a necessidade de ter um quadro de recursos humanos estabilizado.
Leiria recebeu terça-feira, 2 de julho, a sexta edição do Link Lab, uma iniciativa AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que conta com o envolvimento da Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, Crédito y Caución e Iberinform, e com a colaboração da NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria. O projeto AEP Link (POCI-02-0853-FEDER-036026) é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
O evento continuou com os painéis sobre Inovação e Cooperação, e terminou com um almoço de networking até às 15h00.