O grande desafio hoje é capitalizar a economia digital
30-05-2019
O grande desafio hoje é capitalizar a economia digital e colocá-la aos serviços das reais necessidades e desafios das empresas, salientaram os oradores do painel dedicado à Economia Digital no Link Lab Maia, promovido pela Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, com o envolvimento da Deloitte Portugal, que decorreu na quinta-feira, 30 de maio, no Tecmaia. O evento, que encerrou com um almoço de networking, discutiu a importância do investimento e da cooperação para a competitividade das empresas e da economia portuguesa.
Paula Silvestre, diretora para a Área da Competitividade da AEP, salientou que em 2018 Portugal desceu seis lugares no ranking mundial, nomeadamente em dois dos fatores críticos que o AEP Link foca, a inovação e a economia digital, pelo que é fundamental trabalhar no coletivo, cooperando, para ter ganhos de competitividade. O objetivo do projeto é ajustar as soluções às reais necessidades das empresas.


Paula Silvestre, diretora para a Área da Competitividade da AEP
Já Pedro Janeiro, da Deloitte, realçou que o segredo do projeto está, efetivamente, em conhecer aprofundadamente as necessidades das empresas para poder dar respostas concretas, explicando que é esse trabalho que a AEP está a levar a cabo, de forma a poder colaborar com as empresas que queiram crescer, em parceria. O primeiro passo é, como referiu, o preenchimento do questionário do AEP Link, que afere essas necessidades.
A Gonçalo Azevedo Silva, da Deloitte, coube apresentar o dashboard económico, onde está disponibilizada informação nacional, regional e setorial que as empresas podem usar para estudar o seu posicionamento e a concorrência. O portal AEP Link, hoje explicado por Júlio Boga, também da Deloitte, inclui, entre outras funcionalidades, o registo (gratuito) que dá acesso à área reservada e, nomeadamente, à bolsa de oportunidades onde as empresas podem colocar as suas oportunidades e procurar parceiros adequados aos seus objetivos, ou encontrar oportunidades de investimento.
A Gonçalo Azevedo Silva, da Deloitte, coube apresentar o dashboard económico, onde está disponibilizada informação nacional, regional e setorial que as empresas podem usar para estudar o seu posicionamento e a concorrência. O portal AEP Link, hoje explicado por Júlio Boga, também da Deloitte, inclui, entre outras funcionalidades, o registo (gratuito) que dá acesso à área reservada e, nomeadamente, à bolsa de oportunidades onde as empresas podem colocar as suas oportunidades e procurar parceiros adequados aos seus objetivos, ou encontrar oportunidades de investimento.
Ana Sofia Silva, chefe de redação do Maia Hoje e do Jornal da Maia, moderou o painel dedicado à Economia Digital, promovido pela Konica Minolta. Vitor Andrade, diretor-geral da Carnes Meireles do Minho e sócio-gerente da Global Valor Consultores, explicou que as suas empresas têm procurado usar a economia digital para inovar na forma de abordar o negócio e chegar aos clientes, tendo em conta a dispersão das suas 40 lojas, por exemplo através das opções de compra, nomeadamente através do e-commerce – mesmo com as particularidades e exigências do setor alimentar –, da internet e do mobile, e, internamente, na facilitação de processos e da desmaterialização e à libertação das pessoas para tarefas mais importantes recorrendo à tecnologia. Este é o caminho e é a nossa aposta, salientou o gestor.


Ana Sofia Silva, Vítor Andrade, Andreia Pancho, Levi Leite e Ângelo Alves
Neste painel, Andreia Pancho, marketing specialist da Konica Minolta, contou um pouco da história da transformação digital desta grande multinacional e as ferramentas que desenvolve e coloca à disposição dos seus clientes para que possam, eles próprios, abraçar este desafio.
Levi Leite, diretor-geral da Domingos Salvador, salientou que o grande desafio hoje é capitalizar a economia digital, não cortando, naturalmente, a relação humana que é, aliás, o ponto de partida essencial para a transformação digital. Para a sua empresa a tecnologia é fundamental, porque permite, por exemplo, analisar dados hoje para responder ao cliente hoje de forma a que ele possa tomar decisões em tempo oportuno. Na nossa área temos de estar sempre na vanguarda da tecnologia, e também hoje temos mais empresas que seguem este caminho, explicou.
Ângelo Alves, chief information officer da The Fladgate Partnership, defendeu que o caminho hoje é o do digital, é um desafio para as empresas. No seu grupo, a transformação digital tem alguma complexidade já que trabalha em diversos setores, como os vinhos do porto ou o turismo, áreas em que os canais online têm um grande peso. Ligar a tecnologia à tradição, inovando mantendo as relações com as pessoas, acrescentar valor à oferta para a tornar mais atrativa, são alguns dos desafios.
O que falta às empresas para conseguir concretizar a economia digital, questionou Ana Sofia Silva. Vítor Andrade defendeu que há muito ainda a fazer e é fundamental unir os esforços de todos – Estado, empresas, instituições de ensino, etc. –, e apostar na formação e sensibilização também dos empresários, que devem dar o primeiro passo definindo a estratégia digital para as suas empresas. Já para a Konica Minolta, a relação com o cliente é fundamental porque é um tipo de negócio que exige a confiança na empresa e nas soluções que esta disponibiliza. Sobre este desafio, Levi Leite salientou que estamos em permanente processo de mudança, estamos a formar jovens muito focados no digital que são muito importantes para as empresas, e realçou o papel fundamental da Autoridade Tributária na definição clara do quadro legal e de exigências adaptado à realidade das empresas.
As empresas estão a reganhar a capacidade e a vontade de investir
O Investimento foi o tema moderado por Pedro Janeiro, com a presença de António Monteiro, country manager da Iberinform, que promove este painel, que defendeu que o atual nível muito baixo de investimento público tem afetado a própria capacidade de investimento das empresas. A partir da altura em que o Estado é um investidor com níveis negativos, as empresas têm grandes dificuldades elas próprias em investir, já que, nomeadamente as PME, dependem muito do mercado doméstico. Mas, acredita, as empresas estão a reganhar a capacidade e a vontade de investir.


Pedro Janeiro, António Monteiro, Hugo Roxo e Miguel Esperança
Hugo Roxo, diretor do segmento de empresas do Bankinter, explicou que a banca tem mecanismos mais tradicionais de apoio às empresas, mas a inovação tem existido na forma de analisar os projetos de investimento e adequando formas adicionais de investimento e de apoio às necessidades que as empresas apresentam. Por outro lado, existe muito mais liquidez para apoio a projetos, mas o rendimento destas operações é menor. Na opinião do gestor, as empresas têm de olhar mais para o que as rodeia e menos para dentro, procurando oportunidades de colaboração, nomeadamente fora do sistema tradicional.
O diretor financeiro da Centrimpor, Miguel Esperança, apresentou a empresa, dedicada ao setor do aço inoxidável, que tem tido um crescimento equilibrado e constante ao longo dos anos. Esta evolução permite ter um plano de crescimento claramente definido que dita que a empresa tem de ser rentável no mercado nacional. Esta definição de objetivos a médio e longo prazo é fundamental porque permite crescer de forma consolidada e que aumenta, efetivamente, a rentabilidade: é uma perspetiva estrutural e não conjuntural.
As empresas têm de evoluir na forma como se apresentam e apresentam os seus projetos à banca, muito embora a evolução dos empresários seja muitíssimo grande, defendeu Hugo Roxo. As empresas não estão efetivamente preparadas para fazer bons planos de investimento e é necessário profissionalizar o investimento: este é o maior desafio porque é uma tarefa que depende exclusivamente das empresas que querem pedir o investimento. Por outro lado, relembrou que há outras formas de investimento fundamentais, e que por vezes podem ser a solução para alguns tipos de investimento, como os business angels.
António Monteiro explicou que a Iberinform procura apoiar as empresas na informação que é fundamental para fazer investimento e negócios seguros, minimizando riscos relacionados com clientes ou fornecedores com menos capacidade. A Iberinform dá a informação e as ferramentas e cabe aos empresários analisá-la para "separar o trigo do joio”.
Miguel Esperança defende a aposta no investimento produtivo. O primeiro passo é definir o objetivo a atingir e estudar as formas de lá chegar e, na Centrimpor, tem sido fundamental a estratégia de "amealhar” para investir – reunir capitais próprios – e recorrer ao banco apenas para o essencial. O constante recurso à banca é um ciclo vicioso que as próprias empresas têm de quebrar.
O projeto AEP Link (POCI-02-0853-FEDER-036026) pretende colocar os empresários a conversar para promover a competitividade do tecido empresarial português, e anda a percorrer o País com os Link Labs. O Link Lab Maia foi promovido pela AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que contou com o envolvimento da Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, Crédito y Caución e Iberinform, e com a colaboração do Tecmaia. O projeto AEP Link é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).